quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O ELEMENTO SURPRESA

INT. DIA- SALA DE JANTAR 
Beatriz está com um lap-top, escrevendo. Voz-off.

  Trabalhar com crianças para mim se torna cada dia mais gostoso, e a cada aula mais coisas inesperadas acontecem. Uma das grandes lições que já aprendi é: criança não tem muita paciência com ensaios, devemos sempre fazer com que se sintam brincando, com que estejam se divertindo. Outra grande lição, é que elas precisam de exercícios em que corram, pulem, gritam, riem muito! 

INT. DIA- SALA DE DANÇA ESPELHADA, GRANDE 
Aula de teatro com uma professora de 21 anos, e 20 crianças entre 9 e 14 anos. 

   Uma vez, me deixei ganhar pelo "Pic-Bandeira", uma brincadeira de criança onde dois times têm uma bandeira, cada no final da linha, uma queimada com bandeira. Comecei a minha aula bem, mas no meio dela as crianças começaram a me pedir para brincar de Pic-Bandeira. Na hora disse pra mim mesma

PROFESSORA
 Não. O que essa brincadeira tem a ver com teatro?

     Mas as crianças continuaram insistindo, e eu tinha reservado um tempo pra aula pra elas escolherem a brincadeira. Meia hora para o término da aula, e eu era voto vencido. Já tinha feito o que precisava fazer, e todas as crianças queriam brincar de pic-bandeira. Ok... Fazer o que? Um dia a gente perde, no outro a gente ganha. Naquele momento eu ganhava o carinho delas. 

INT. NOITE- SALA DE TELEVISÃO 
Beatriz está de pijama sentada no sofá, com seu lap-top no colo, um cadeiro e um estojo ao lado.

    Depois dessa aula, tive pra mim: eu mesma vou inventar e levar brincadeiras cênicas! Começou o quebra-cabeça. Como pegar uma brincadeira clássica e colocar teatro? Bom, não sei se fui original, ou se essa brincadeira estava em alguma gaveta do meu cérebro, só sei que levei algo: Queimada Cênica. Quando você é queimado, deve ficar paralisado com alguma máscara teatral. Máscara neste caso, entende-se por pose/careta, etc. 

INT. DIA- SALA DE DANÇA ESPELHADA, GRANDE
Aula de teatro com uma professora de 21 anos, e 20 crianças entre 9 e 14 anos. 

     Mas... por incrível que pareça, neste  dia de aula eu não precisei usar! Ao contrário da aula anterior, as crianças embarcaram no jogo cênico. Fizeram cenas com fala, e logo em seguida a mesma cena sem fala. Foram ótimas! Pra mim, quanto menos fala uma criança tiver, melhor pra ela! Devemos explorar sua capacidade de criação, e convenhamos, a fala nos facilita muito! 

     Quando apresentaram a cena com fala, se divertiram e riram com as amigas. Logo depois, propus para elas um novo tipo de cena:
PROFESSORA

 Façam a mesma coisa, sem fala!

CRIANÇA 1
 Como assim, prô?

PROFESSORA
  Simples, façam quase uma mímica. Exatamente o que vocês fizeram, sem fala alguma. 

     Senti que ficaram com o pé atrás, e para tranquilizá-las, dei um conselho. 

PROFESSORA
 O segredo é exagerar! 

     Como sempre dizemos no teatro, comece exagerando, é melhor podar do que tentar plantar! E o resultado? Melhor do que eu esperava! As crianças foram ótimas, fizeram tudo certinho. Na apresentação dos 2 primeiros grupos, estava tudo muito silencioso, até que uma menina disse: 

CRIANÇA 2
 Prô, eu prefiro com as falas. 

     Como eu mesma defini que as apresentações seriam sem fala, logo pensei:

PROFESSORA
Porque já não coloco uma música?! 


     Pedi para o terceiro grupo esperar para apresentar, e coloquei a famosa "With a Little Help from my Friends",  versão Beatles. Resultado? Sucesso! Logo depois do terceiro grupo, todas as crianças adoraram, disseram que parecia um clipe. Às vezes o professor sabe o que está fazendo... Elas gostaram tanto que nem deu tempo de brincar de queimada cênica! Fica pra próxima aula...

INT. DIA- SALA DE JANTAR
Beatriz está com um lap-top, escrevendo. Voz-off.

     Contei estes exemplos porque querendo ou não, professor só aprende na prática a maneira de trabalhar com cada sala. Agora, não dou mais aula sem levar uma brincadeira cênica. Preparar aulas de teatro é parecido com criar um roteiro: tem que saber seu público-alvo, o enredo, seu objetivo final, o acontecimento principal, e como amarrar tudo isso de uma maneira divertida e didática, sem esquecer do elemento-surpresa! E claro, sempre levar o stand-by.

FIM. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

DANÇA TEATRO PARA CRIANÇAS... É POSSÍVEL?

            Tenho um novo desafio para seguir: dou aula de teatro infantil para 2 turmas, a primeira de 9 a 15 anos, e a segunda de 4 a 8. Fui chamada, pois o dono da escola queria algo mais musical para trabalhar com seus alunos, e por causa da peça Os Saltimbancos, apresentada em março de 2012, fui indicada e chamada. 
            Penso, que por serem muito novos, não será possível fazer um musical convencional. As crianças intimidadas falam baixo, choram, não entram no palco. Não quero que isso aconteça. Para eliminar este risco, pretendo fazer uma "dança teatro" - bem entre aspas mesmo - com meus alunos. 
            Imagino o seguinte: peço para os alunos mais velhos me trazerem músicas que gostam, e criaremos cenas a partir delas. Não sei se é possível eles escutarem uma música e imaginarem uma cena. Eu, Beatriz, com 21 anos, faço isso direto. Se eles não criarem uma cena a partir da música, vou para o plano B. Bem início de teatro mesmo: dou uma situação, eles improvisam (com falas mesmo), e depois coloco a música, e eles devem atuar com a música, sem falas. 
            É um desafio e tanto! Será que vai dar certo? Tem que dar. Dia 16 de novembro tudo tem de estar lindo no teatro Eva Herz. 
            Gostaria de ouvir algumas experiências que professores tem com o ensino de teatro infantil... Já comecei dando uma introdução do que é um musical estudando o primeiro personagem de Os Saltimbancos, o Jumento, por sua música. Foi bem legal, mais produtivo do que imaginava. Eu já tenho uma certeza: eles compreendem a letra, sabem interpretar um texto (como na aula de português). 
            Na próxima semana eu falo como foi o primeiro dia de tentativa para montar este espetáculo! Aguardo novas experiências!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A ESCOLHA DE ASPETA

Hoje, meus amigos, o post não é diretamente voltado pra o teatro, mas existe por causa dele. Escrevi o esboço de uma peça sobre "escolhas", contando a história de Aspeta, uma mulher de 45 anos, médica, casada, sem filhos. Uma mulher que escolheu "esperar". Mas esperar o que? Nem ela sabe... confesso que me baseei um pouco em "Esperando Godot", de Samuel Beckett.
Aí vemos a magia da comunicação e das artes: depois de pronto, você não tem controle sobre a interpretação das pessoas. Mostrei a peça para alguns amigos, e chegamos na seguinte conversa: quantas pessoas agem como ela? Quantas pessoas simplesmente esperam sem necessariamente saber o que se está esperando? O que motiva a espera? O medo? A insegurança? No caso de Aspeta, o medo. Ela não se sentia capaz de nada, ela não confiava nela mesma. Era triste.
Durante a conversa chegamos no outro ponto: as pessoas esperam tanto que esquecem de simplesmente viver. Querem adiantar o tempo, querem virar a página da própria vida, sem nem ao menos ter escrito alguma coisa. Quando olham pra trás, o que vêem? O que se viveu? Viveu-se às pressas. Não defendo a ideia de viver só de presente, acho que o homem deve se planejar. Mas mesmo planejando, deve viver um dia de cada vez.
Esse assunto bateu muito em mim, pois achava que tinha emprestado à Aspeta apenas algumas características minhas: ansiedade e auto-boicote; mas não... percebi que eu mesma não consigo viver um dia por vez, eu mesma quero virar as páginas da minha vida sem nem ao menos tê-las escrito. Isso causa uma angústia tremenda! Um medo de não conseguir realizar tudo o que pretendo, um medo de me tornar uma frustada. Mas  frustada pelo que? O que mais frusta: a sensação de não ter vivido, ou a sensação de ter realizado somente alguns sonhos?
O que será que esperamos tanto da vida? Por que será que exigimos tanto dela? Será que a procura da felicidade nos torna mais ansiosos? Se já sabemos que a felicidade plena é muito rápida, porque desejamos tanto encontrá-la? Não podemos ser felizes com pequenas coisas?
Exigimos demais de nós mesmos e de nossas vidas. Passamos a maior parte do tempo planejando uma vida completa do que realmente vivendo: queremos nos formar, nos fixar no emprego, construir uma família, morar em uma casa própria, criar os filhos com tranquilidade, ter uma velhice mais tranquila ainda, e acima de tudo, morrer em paz, feliz que realizou todos os seus sonhos, inclusos ou não nesse planejamento de vida.
Tem alguma coisa errada com esse mundo do século XXI. Será que nos tornamos pessoas-mecânicas, acostumadas com a procura por ser feliz? Essa é a sina da geração coca-cola e da geração Y? Temos que viver calmamente, dar tempo ao tempo. O mundo hoje já é frenético demais, não desperdicemos as nossas vidas. Não faço votos pela espera, mas sim pela maneira sábia de viver: planejar, sonhar, mas com o pé no chão, sem grandes expectativas, porque tudo pode acontecer. Entendeu, Beatriz?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pina, Elis e Yoshi: Três pessoas, Uma arte

Assistir "Pina- 3D" foi um tanto quanto desesperador, principalmente quando você está lendo o livro "O Ator Invisível", de Yoshi Oida na mesma época.
Há algum tempo venho pensando em quanto conheço o meu corpo e quanto sei usá-lo em cena. Há algum tempo tenho a resposta: quase nada. As aulas de corpo do Macunaíma ajudaram um pouco, mas não chega nem perto do suficiente. É preciso mais estudo. O ator nunca, ao meu ver, deve se achar "completo". Sempre há espaço para mais estudo, mais conhecimento.
No cinema, eu e meu namorado Rodrigo Inamos nos bestificamos com a capacidade que os bailarinos de Pina Bausch têm de interpretar uma dança. Vemos tudo com outros olhos. Sentimos. Yoshi Oida nos diz no começo do seu livro que "interpretação" é a somatória da capacidade de atuar, dançar e cantar de uma pessoa. Ou seja, o ator DEVE saber fazer as 3 coisas. Não que ele deva ser um excelente bailarino ou cantor, mas deve pelo menos saber fazer as 3 coisas básicas.
Fica perceptível a diferença entre assistir um bailarino que apenas dança e outro bailarino que dança e sente. Ao sentir, o bailarino se mostra humano, os espectadores sentem-se mais envolvidos com a história. Pode até às vezes acontecer a tal de "catarse" durante o espetáculo. Se acontecer, parabéns bailarino: você conquistou o público, contou uma história, se comunicou.
Isso é algo que eu sinto falta nos espetáculos de dança. Os bailarinos reproduzem partituras corporais pré-determinadas, sem um tanto de sensibilidade. O espetáculo fica frio, o que esquenta é o ritmo da música, ou não. Seria tão mais interessante ver um espetáculo de ballet, jazz, dança africana, circo, sapateado, contemporânea - qualquer tipo de dança, mesmo- onde os artistas nos contam histórias por meio do seu corpo, sem uma palavra, mas que o espectador se sinta envolvido pela dança, pela técnica e pela emoção do artista. A partir do momento em que o bailarino/dançarino sabe que quer passar uma mensagem, tenta se comunicar com o público pelo seu modo artístico, o envolvimento é outro.
Digo a mesma coisa para os atores. Todos nós ouvimos muito falar de "verdade cênica", isso é uma batalha diária. Mas, do que adianta somente usar a nossa voz? O corpo fala. Quando o ator sabe usar seu corpo, a energia é outra. Ele faz tudo com mais certeza, se movimenta de outra forma, sai do óbvio e prende muito mais seu público, que percebe que aquele momento é sim, mágico.
Pina consegue em seu talento misturar as duas artes, que são complementares no palco, e exigir de seus artistas que façam as duas muito bem. Lembro em uma aula de história do teatro que eu tive, se não me engano com o Zédú Neves, quando ele nos mostrou o Cafe Muller. A reação da sala foi incrível. Todos nós queríamos estar lá, fazendo o Cafe Muller, tanto que em nossas cenas gostávamos de abusar da repetição de gestos. Experimente repetir a mesma partitura várias vezes, cada vez mais rápido para saber que sensação você teria. Ela é incrível.
Outra artista que usa das duas artes e a transforma em uma só é a finada Elis Regina. Existe uma grande diferença entre apenas cantar e cantar e interpretar, tanto que Elis é até hoje lembrada como a melhor cantora brasileira. Ela nos contava uma história a cada música.
A mensagem que quero passar é tanto para nós atores quanto para os bailarinos/dançarinos: aprendam mais sobre seu corpo, sobre suas emoções. Libertem-se na arte, sintam a arte. Ame seu público e a história que você irá contar. Em respeito à ele, estude mais, tente mais, exponha-se ao ridículo. É melhor que ficar escondido atrás de você mesmo. Ouse, sempre.

terça-feira, 10 de abril de 2012

TODOS JUNTOS SOMOS FORTES!

Montar "Os Saltimbancos" foi uma experiência genial. Além de construir uma peça inteira (com músicas e coreografias) em menos de 2 meses, conseguimos amarrar tudo certinho, bonitinho, e ir além das nossas expectativas.
Tenho certeza que nem o elenco acreditava que ficaria tão legal quanto ficou em sua sessão única, no dia 30/03 às 20h na Lume Casa Cultural.
Em trabalho colaborativo, não houve direção. Os 4 atores criavam as cenas ali, na hora, como que um improviso, e quem estava assistindo dava suas sugestões. Quando eram os quatro em cena, as ideias partiam da experiência de estar vivendo o acontecimento. Ideias cruas e divertidas.
Tivemos apenas 1 ensaio só com os músicos, do grupo "Eu Canto", e alguns ensaios com o povo do circo. Às vezes as ideias empacavam, mas saíam. Nunca parei pra pensar que um gato poderia ser representado no tecido, ou na cama elástica. Ou então que o Jumento seria comparado a pirâmides, pessoas subindo uma em cima da outra (existe uma expressão correta para isso, mas não me lembro agora)...
No momento da apresentação, o nervoso de cantar em público, e o medo de sair algo errado foram diminuídos pelo calor do palco e da emoção de contar aquela história. Tremi, sim... mas as coisas passam.
Nos sentimos completamente felizes com o resultado e com a aprovação do público, que nos agradeceu por meio do facebook, e também no meio da peça: "Cachorro, você é o mais legal". Lindo.
Uma pena que tenha sido só um dia... fizemos por amor ao teatro, pois sabíamos que seria apenas aquela sessão. Mas, loucos que somos pela arte, encaramos mesmo assim!

Deixo agora os links do youtube de algumas músicas da peça, para quem tiver a curiosidade! Boa diversão!

História de Uma Gata
Galinha

Cidade Ideal

Cachorro

Bicharia

O Jumento


quinta-feira, 22 de março de 2012

CRIANDO UMA PEÇA EM MENOS DE 2 MESES

Pra quem estava no ritmo de escola de teatro, onde a montagem dura 6 meses, montar uma peça quase inteira (sofreu cortes) em menos de 2 meses, seria uma loucura. Imagina ainda: um musical infantil!
Na reunião dos professores da Lume Casa Cultural, fiquei sabendo que dia 30 de março seria o dia do Circo e do Teatro na escola. Achei ótimo, afinal o professor de circo além de um grande amigo é meu cunhado - o que facilita muito as coisas- Caiê Golmia Masseran (excelente pessoa e professor de circo, street dance, além de ser um palhaço moderno).
Chamei amigos em que confiava e que sabia que aceitariam o projeto: meu namorado Rodrigo Inamos, e minhas amigas Thais de Lucena (a famosa Thais Tuin) e Elaine Vegnaduzzi, ou Nani. Todos estudantes (ou formados) no Teatro Escola Macunaíma.
Levei a proposta da peça "Os Saltimbancos", pois seu público alvo (linguagem de comunicólogo) são crianças de 4 a 11 anos, além da peça ter sido escrita por um gênio chamado Chico Buarque, ou seja, agradaria pais e filhos.
Nos assustamos com o pouco tempo que tínhamos ( um mês e meio) e sorteamos os personagens - a única ressalva era que o Rodrigo deveria ser ou o Jumento ou o Cachorro). E caímos com os seguintes personagens: Rodrigo Inamos- cachorro; Elaine Vegnaduzzi- jumento; Thais Tuin- gatinha; Beatriz Gimene- galinha.
Começamos a ensaiar na semana seguinte, toda segunda-feira na casa da Thais. Inicialmente, fizemos exercícios de coro, ouvindo as músicas dos Saltimbancos, para descobrirmos o corpo e o jeito de cada animal. Foi um exercício muito interessante, pois todos experimentamos cada animal e suas possibilidades, o que nos deu várias ideia para construção de cena e de personagem.
Nossos ensaios não tinham nenhum diretor. Improvisávamos a cena e depois começávamos a marcar. A química foi ótima, estávamos em plena sintonia. Todos dando ideias de cenas de humor leve e gostoso.
Seguindo os ensaios, fomos descobrindo que algumas piadas não funcionam, e que algumas soluções teriam de ser alteradas. Sem problemas, com os miolos queimando de tanto pensar, solucionamos cada erro que ocorria, sempre com criatividade.
Nos ensaios com o circo, tentamos nos adaptar às realidades deles para não aparecermos mais que ninguém. O que infelizmente não se tornou muito real, porque a participação de todos no palco deixaria tudo muito poluído. Mas o Caiê teve soluções muito criativas, e seus alunos a maior paciência do mundo em esperar os atores resolverem a cena.
Por fim, os músicos. Meu pai, Pedro Gimene, toca violão e canta. Sabendo do seu talento musical, o chamei desde o primeiro dia para ficar responsável por esse departamento, e até mesmo fazer algumas pontas durante a peça. Pedro chamou um batalhão de músicos que estavam com muita vontade de participar do projeto, e que deram um ar mais "gracioso" nas músicas. O que vai nos ajudar muito, porque cantar, atuar e dançar não é coisa fácil!
Agradecemos a todos pela paciência. Aos alunos do circo que "perderam" algumas aulas para ensaiar o espetáculo, ao grupo Eu Canto por ensaiarem muito durante a semana para que as músicas sejam leves e belas, e a todos os que colaboraram direta, ou indiretamente para isso. Salvo Luiza Gimene, minha irmã e a "diretora" da peça. 


Faço agora o convite a todos:
Os Saltimbancos
Dia 30/30 às 20h
Local: Lume Casa Cultural- Av. Imirim, 782
DE GRAÇA!

terça-feira, 20 de março de 2012

O PRÉ-CONCEITO SOBRE AS ARTES CÊNICAS

Comecei a perceber ultimamente a percepção que as pessoas têm de teatro. Quando alguém fala que faz teatro, normalmente interpretam como uma pessoa maluca, desinibida, aparecida, às vezes até vulgar... Como chegamos a esse ponto?
Relembrando lá no fundo da minha memória, em uma das minhas aulas de história do teatro, se não estou errada, o ator tinha o mesmo "registro profissional" de uma prostituta. Triste. Portanto, chego a conclusão que este pré-conceito é bem antigo, diria até mesmo antiquado.
O ator é, e deve ser reconhecido como um artista. Ele estuda cada movimento que faz, cada entonação que coloca em uma frase. Nada é em vão. Além disso, ele "empresta" seu corpo a um ser que só existe se o próprio ator acreditar nele.
Nossa arte é bela e pura. É uma arte de doação. Esquecer seus problemas e se entregar, de corpo e alma, na construção de seu personagem. Nesta hora, tudo ajuda: as suas memórias, as suas anotações, a sua percepção  do mundo externo, a sua percepção do seu mundo interno. O ator deve, acima de tudo ser um observador. Nada pode ser alheio aos seus olhos e aos seus sentimentos.
Escrevo isso para defender a teoria de que todas as artes são complementares, principalmente quando se trata do artista e seu corpo. O que seria de um ator sem o conhecimento corporal de um bailarino? O que seria de um bailarino sem a capacidade de externar os sentimentos de um ator? O que seria de um músico sem a junção das duas artes (trabalho de corpo, e interpretação vocal)?
O teatro é uma arte grupal. Nele, quase nada pode ser feito individualmente. Perde a graça. Ele EXIGE uma interação com as outras pessoas. Em quais sentidos? Todos. A criação de uma cena deve ser pensada em grupo antes de ser passada pelo diretor. A discussão de super-objetivo, de estudos, de referências. Tudo é de boca em boca. Como falei anteriormente, nada do que se vê em um palco é em vão.
A arte cênica, como qualquer outra arte, pode ser considerada uma terapia para muitos. A coragem de falar em público, a perda -nem que seja pouca- da timidez, o conseguir se expressar, emitir suas opiniões. A pessoa aprende tudo isso no teatro. Como? Pela interação social.
É por ele que a criança percebe seu papel no mundo. É por ele que nos tornamos mais críticos quanto ao senso-comum, é por ele que nos sentimos livres. O livre não significa o imoral, como muitos pensam, mas sim      verdadeiro, com você e com os outros.
Como uma máquina, se uma peça quebra, tudo para. Todos devem compreender e conhecer a função de cada peça, de cada movimento. No teatro, o ator deve saber que seu papel é criar e estudar. Estudar muito, porque a criatividade não aparece sozinha, ela vem de referências.
Teatro é possibilidade. Teatro é respeito.

quarta-feira, 14 de março de 2012

PRIMEIRAS IMPRESSÕES- AULA DE TEATRO PARA CRIANÇAS

A idade entre 6 e 12 anos define muita coisa em uma criança. é uma época de algumas escolhas, poucas, porém importantes.
É com 12 anos que as meninas começam a pensar que são "crescidinhas", mesmo adorando brincar de "balada". Vê-se uma grande diferença entre meninos e meninas: os meninos gostam de luta, de guerra, de futebol. As meninas gostam de princesa, meninos, pessoas famosas. É engraçado juntar tudo isso, fazendo teatro então, nem se fala!
As crianças fazem teatro sem perceber. Elas brincam atuando. Pra fazer a mãe, fazem uma voz mais grossa, colocam salto-alto. Pra fazer o monstro, deixam tudo mais grotesco. Os heróis parecem desenho animado japonês.
Qualquer exercício cênico para eles parece uma pura brincadeira. Dão risada, param no meio, voltam... não terminam a "cena" nunca. Isso é o que mais me "desespera". Como falar para uma criança que a brincadeira tem que acabar? "Coloquem um final na história!". Será que eles entendem completamente isso?
Imagine só juntar 10/15 meninas entre 8 e 10 anos com 2 meninos de 6/8 anos? O resultado é: risada. As meninas se juntam de uma tal maneira, gritam, riem, se atropelam, que os meninos ficam até assustados! "Vai lá, João, você não é o policial? Acaba com essa bagunça!" disse eu; "Não dá, tia... elas são muitas e estão loucas!"- no caso estavam gritando enlouquecidamente porque uma delas era famosa-.
Dá pra perceber facilmente quando eles gostam: eles pulam. Pular é a maneira que eles têm de se mostrar excitados por um jogo. Adoram mímica, transformam tudo em jogo de adivinhação. E não percebem o quão valioso é esse exercício para eles.
Algo que já aprendi em 3 aulas: CRIANÇA É PURO TEATRO.


Local da experiência: Lume Casa Cultural.

segunda-feira, 12 de março de 2012

POR QUE UM BLOG?

Pra que criar um blog em uma era em que tudo que passa de 3 linhas já é um livro de 1.000 páginas? Para registro. Não escrevo mais cartas, não tenho mais meu diário cor-de-rosa, mas tenho na minha cabeça várias ideias e pensamentos  sobre um tema que está presente na minha vida desde os meus 5 anos de idade: o teatro. 
Neste blog não ficarei falando apenas do palco, mas sim da experiência de ser atriz, na tentativa de cada dia mais aprender sobre este assunto tão delicado, e mesmo assim ter a certeza de que é preciso estudar muito mais. 
Aqui, colocarei minhas experiências dentro da sala de aula, onde dou aulas de teatro para algumas crianças de 6 a 12 anos na Lume Casa Cultural; aqui ficarão meus registros e percepções do mundo infantil, e até mesmo do adulto quando começarem as preparações de elenco para o meu TCC, que eu farei em abril. Aqui será o local onde a minha pequena, quase mínima experiência com teatro vai bater com a mega experiência de teatro de outros, e assim, ambos crescem, pois o mundo muda, e as pessoas também. 
Torço para que seja um blog rico de ideias, teorias, atores, atrizes, teatros, produções de TV e cinema, para assim, sempre colaborar com nosso mundo de loucos, apaixonados pelo teatro.