terça-feira, 20 de março de 2012

O PRÉ-CONCEITO SOBRE AS ARTES CÊNICAS

Comecei a perceber ultimamente a percepção que as pessoas têm de teatro. Quando alguém fala que faz teatro, normalmente interpretam como uma pessoa maluca, desinibida, aparecida, às vezes até vulgar... Como chegamos a esse ponto?
Relembrando lá no fundo da minha memória, em uma das minhas aulas de história do teatro, se não estou errada, o ator tinha o mesmo "registro profissional" de uma prostituta. Triste. Portanto, chego a conclusão que este pré-conceito é bem antigo, diria até mesmo antiquado.
O ator é, e deve ser reconhecido como um artista. Ele estuda cada movimento que faz, cada entonação que coloca em uma frase. Nada é em vão. Além disso, ele "empresta" seu corpo a um ser que só existe se o próprio ator acreditar nele.
Nossa arte é bela e pura. É uma arte de doação. Esquecer seus problemas e se entregar, de corpo e alma, na construção de seu personagem. Nesta hora, tudo ajuda: as suas memórias, as suas anotações, a sua percepção  do mundo externo, a sua percepção do seu mundo interno. O ator deve, acima de tudo ser um observador. Nada pode ser alheio aos seus olhos e aos seus sentimentos.
Escrevo isso para defender a teoria de que todas as artes são complementares, principalmente quando se trata do artista e seu corpo. O que seria de um ator sem o conhecimento corporal de um bailarino? O que seria de um bailarino sem a capacidade de externar os sentimentos de um ator? O que seria de um músico sem a junção das duas artes (trabalho de corpo, e interpretação vocal)?
O teatro é uma arte grupal. Nele, quase nada pode ser feito individualmente. Perde a graça. Ele EXIGE uma interação com as outras pessoas. Em quais sentidos? Todos. A criação de uma cena deve ser pensada em grupo antes de ser passada pelo diretor. A discussão de super-objetivo, de estudos, de referências. Tudo é de boca em boca. Como falei anteriormente, nada do que se vê em um palco é em vão.
A arte cênica, como qualquer outra arte, pode ser considerada uma terapia para muitos. A coragem de falar em público, a perda -nem que seja pouca- da timidez, o conseguir se expressar, emitir suas opiniões. A pessoa aprende tudo isso no teatro. Como? Pela interação social.
É por ele que a criança percebe seu papel no mundo. É por ele que nos tornamos mais críticos quanto ao senso-comum, é por ele que nos sentimos livres. O livre não significa o imoral, como muitos pensam, mas sim      verdadeiro, com você e com os outros.
Como uma máquina, se uma peça quebra, tudo para. Todos devem compreender e conhecer a função de cada peça, de cada movimento. No teatro, o ator deve saber que seu papel é criar e estudar. Estudar muito, porque a criatividade não aparece sozinha, ela vem de referências.
Teatro é possibilidade. Teatro é respeito.

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