terça-feira, 18 de junho de 2013

Muita Hora nessa Calma!

O Analfabeto Político
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais." Bertold Brecht 

Amo Brecht, ele sempre me disse as coisas certas na hora certa. 

Estamos passando por um momento meio atordoado da vida política brasileira: muitos vômitos insatisfeitos, muita raiva guardada, muito motivo e muitas ideias. Sem canalização. Ontem, assisti ao "Roda Viva" da TV Cultura, e os representantes do Movimento Passe Livre insistiram na ideia de que as pessoas estavam indo às ruas pedindo a revogação do aumento da passagem. Eles sabem que não é isso. Ontem, estava contra eles, afirmando que perderam a rédea (o que também não é mentira), e que se recusam a ver que as pessoas estão simplesmente revoltadas com a vida que levam. Segundo meu pai, Pedro Gimene, eles só não querem perder o protagonismo. Não os culpo. 

Agora, meu facebook antes bombardeado com coisas engraçadas, alguns protestos políticos, samba, e etc, está monotemático: No protesto de hoje, o que iremos falar? 

Não que isso seja uma coisa ruim, não acho! Mas, querendo ou não, tira o foco do motivo pelo qual o MPL foi criado e dá margens às mil e uma facetas da nossa querida classe média burguesa e dos nossos amados reacionários brasileiros, desesperados em meter o pobre na cadeia e fazer do nordeste um lugar que não pertença mais ao Brasil (vomitei). 

Como disse meu amado e idolatrado Bertold Brecht (está na hora dos neo-revolucionários saberem de quem se trata), o analfabeto político é a pior ignorância que alguém pode querer para si, e vejo que estamos passando por essa prova: o excesso de jovens, de pessoas descontentes é lindo de ver, muito mesmo! Mas dá medo de ouvir alguns protestos. Que eu me lembre, na primeira metade da década de 1960, nosso querido Jango defendia as reformas de base, os trabalhadores, jovens e partidos políticos de esquerda o apoiaram, enquanto a nossa famosa classe média juntamente com o seu grande modelo, a elite, morria de medo que isso se tornasse realidade, os queridos udenistas. Fica claro pra todo mundo o que aconteceu em 1964, não é? 

As pessoas, com raiva dos pobres, raiva dos nordestinos, raiva dos pretos, do samba, das oportunidades iguais, se inflavam em discursos que o próprio Hitler aplaudiria de pé, "mas longe de mim ser preconceituoso!". O que vejo hoje não é nada muito diferente: estudantes que não tiveram base política nenhuma, sendo facilmente moldados aos quereres - indiretos e obscuros - da nossa direita. Agora, todo cuidado é pouco: vamos nos inflar menos e raciocinar mais. Não acredito que todo político é corrupto, assim como acredito que todo homem é um ser político, ele faz política em qualquer circunstância. Não gostaria que a minha geração se inflasse de orgulho apoiando o voto nulo, ou o voto em branco por simples birra. Isso não é birra, é burrice! A política deve acontecer sim, e não é pedindo impeachment que vamos resolver alguma coisa. Temos que pensar nas consequências dos nossos quereres. 

Conseguiram transformar essa manifestação em um grande vazio, com ideias vagas sobre todos os assuntos, e o que o MPL quer mesmo, ninguém mais discute. Se todo mundo que gritar, então agora, gritemos pelo que está em pauta: a revogação do aumento. Depois, gritemos pelas nossas angústias específicas. 

Eu iria hoje gritar pela minha bandeira: "Cultura também é Educação", mas acho que só atrapalharia com mais um tema. Se vou perder a chance de gritar por isso? Nunca! Não é a toa que dou aulas de teatro, não é a toa que sou atriz. Esta sempre foi, e sempre será a minha bandeira. 

Hoje agradeço aos meus pais Pedro Gimene e Cristina Gimene, que desde que eu me conheço por gente me educaram que política é coisa séria e que existe sim gente querendo fazer o bem. Me ensinaram a ter vontades me contando das greves que faziam, dos movimentos que participaram e da favela que ajudaram a urbanizar (é só passar pelo Andorina). Muito obrigada pais que acreditaram em mim como um ser-humano que sabe que não está aqui a toa, desde sempre eu tenho essa consciência. 

Agora, peço aos filhos que quando ouvem seus pais dizerem que "política é uma merda" e que "nada que a gente pede acontece" o façam olhar para a janela, e perceber que o mundo é muito mais "que a porra do seu todynho gelado". Os pais DEVEM conscientizar os filhos na política, vamos acabar com esse discurso, é isso o que estraga o país, não os nordestinos do Bolsa Família.

Jovens, agora mais do que nunca é preciso LER e ENTENDER política, não será mais aceito qualquer argumento baseado em preconceitos, o negócio ficou sério porque nós quisemos que ficasse sério, agora tem que saber o que falar e como pedir. Se eu acho que o MPL sabe o que está dizendo? Acho que não, e eles mesmo admitiram ontem ao vivo "não temos a obrigação de ver como a prefeitura faria o passe-livre", mentira! Mas, que o que está acontecendo é muito legal de ver, é. Só não pode ser só isso. 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O BALLET DO HOMEM MODERNO

Faço ballet há 2 meses pela primeira vez na minha vida. Quando era pequena preferia a capoeira, embora nunca tenha feito. Achava mais legal por causa da música. Minha irmã, Luiza Gimene, faz ballet desde os 15 anos, hoje, com 20, já é formada. Quem conhece ballet sabe que é uma dança muito difícil, muito perfeccionista, então podemos concluir que ela se deu muito bem na dança. Só a gente conclui, ela não.

O ballet, ao meu ver, é a dança que mais estimula a competitividade entre as suas bailarinas. Como é uma dança muito difícil, cada aula é um aprendizado corporal e psicológico que a bailarina, se souber apreender tudo o que aprende, poderá atingir um auto-conhecimento e auto-controle muito bom! Se não, vai cair na mania-mor de quase todos os alunos: observar o outro para se engrandecer nele. Alguma comparação com a vida que a gente leva?

Nesta dança, tudo tem que estar duro e posicionado (sem piadas de duplo sentido, por favor!). Quadril encaixado com a coluna, abdômen contraído, perna firme e reta (sem dobrar o joelho!), pés e pernas apontados para fora, parecendo um patinho, braços firmes e duros. Rosto? Sorrindo. É tudo muito difícil e muita informação para um ser-humano. Aprender a controlar seu equilíbrio, sua força, e ainda passar a ideia de que está tudo bem, tranquilo, é algo que demora às vezes, anos!

Ontem, pensando e conversando sobre a vida com a minha colega do ballet Vivianne Mendes, fiz (mentalmente) um paralelo do ballet com o mundo em que vivemos hoje: devemos nos manter firmes, seguros, fazendo e pensando em mil coisas ao mesmo tempo, mas, em hipótese alguma devemos transparecer que estamos sofrendo. Sorria!

A necessidade de se mostrar feliz pros outros nos leva a procurar mil coisas para fazer na tentativa de achar aquilo que a gente acha que realmente vai nos completar, como pessoa ou conhecimento. Mas, sempre que avaliamos nosso grau de satisfação, por incrível que pareça, ele está baixo. E logo pensando em outra coisa que desejamos fazer e ainda não fizemos por falta de grana, ou de tempo mesmo.

Engraçado que a opção de parar para se ouvir, se conhecer, pensar, é sempre a última, porque consideramos um corpo parado inativo, devemos sempre estar em movimento, sempre prontos para o que a vida vem nos trazer, afinal, quem sabe se nessa nova atividade a minha vida não muda?

Em conversa com Vivian Ragazzi, aqui do meu trabalho mesmo, chegamos à conclusão de que o homem é movido pelo pensamento que os outros tem -ou podem ter- dele. O que o outro vai pensar de você é mais importante do que você pensa de você mesmo. A opinião do outro sobre a sua pessoa muitas vezes o faz agir como essa pessoa espera que você aja!

Não que eu ache isso extremamente ruim, afinal, a necessidade de provar para os outros que você pode mais é que levou o homem a estar onde ele está agora.

O desejo de "ser" é o que mais move o homem, só não pode ser maior que ele mesmo. E você, gostou do que eu escrevi?