quinta-feira, 22 de março de 2012

CRIANDO UMA PEÇA EM MENOS DE 2 MESES

Pra quem estava no ritmo de escola de teatro, onde a montagem dura 6 meses, montar uma peça quase inteira (sofreu cortes) em menos de 2 meses, seria uma loucura. Imagina ainda: um musical infantil!
Na reunião dos professores da Lume Casa Cultural, fiquei sabendo que dia 30 de março seria o dia do Circo e do Teatro na escola. Achei ótimo, afinal o professor de circo além de um grande amigo é meu cunhado - o que facilita muito as coisas- Caiê Golmia Masseran (excelente pessoa e professor de circo, street dance, além de ser um palhaço moderno).
Chamei amigos em que confiava e que sabia que aceitariam o projeto: meu namorado Rodrigo Inamos, e minhas amigas Thais de Lucena (a famosa Thais Tuin) e Elaine Vegnaduzzi, ou Nani. Todos estudantes (ou formados) no Teatro Escola Macunaíma.
Levei a proposta da peça "Os Saltimbancos", pois seu público alvo (linguagem de comunicólogo) são crianças de 4 a 11 anos, além da peça ter sido escrita por um gênio chamado Chico Buarque, ou seja, agradaria pais e filhos.
Nos assustamos com o pouco tempo que tínhamos ( um mês e meio) e sorteamos os personagens - a única ressalva era que o Rodrigo deveria ser ou o Jumento ou o Cachorro). E caímos com os seguintes personagens: Rodrigo Inamos- cachorro; Elaine Vegnaduzzi- jumento; Thais Tuin- gatinha; Beatriz Gimene- galinha.
Começamos a ensaiar na semana seguinte, toda segunda-feira na casa da Thais. Inicialmente, fizemos exercícios de coro, ouvindo as músicas dos Saltimbancos, para descobrirmos o corpo e o jeito de cada animal. Foi um exercício muito interessante, pois todos experimentamos cada animal e suas possibilidades, o que nos deu várias ideia para construção de cena e de personagem.
Nossos ensaios não tinham nenhum diretor. Improvisávamos a cena e depois começávamos a marcar. A química foi ótima, estávamos em plena sintonia. Todos dando ideias de cenas de humor leve e gostoso.
Seguindo os ensaios, fomos descobrindo que algumas piadas não funcionam, e que algumas soluções teriam de ser alteradas. Sem problemas, com os miolos queimando de tanto pensar, solucionamos cada erro que ocorria, sempre com criatividade.
Nos ensaios com o circo, tentamos nos adaptar às realidades deles para não aparecermos mais que ninguém. O que infelizmente não se tornou muito real, porque a participação de todos no palco deixaria tudo muito poluído. Mas o Caiê teve soluções muito criativas, e seus alunos a maior paciência do mundo em esperar os atores resolverem a cena.
Por fim, os músicos. Meu pai, Pedro Gimene, toca violão e canta. Sabendo do seu talento musical, o chamei desde o primeiro dia para ficar responsável por esse departamento, e até mesmo fazer algumas pontas durante a peça. Pedro chamou um batalhão de músicos que estavam com muita vontade de participar do projeto, e que deram um ar mais "gracioso" nas músicas. O que vai nos ajudar muito, porque cantar, atuar e dançar não é coisa fácil!
Agradecemos a todos pela paciência. Aos alunos do circo que "perderam" algumas aulas para ensaiar o espetáculo, ao grupo Eu Canto por ensaiarem muito durante a semana para que as músicas sejam leves e belas, e a todos os que colaboraram direta, ou indiretamente para isso. Salvo Luiza Gimene, minha irmã e a "diretora" da peça. 


Faço agora o convite a todos:
Os Saltimbancos
Dia 30/30 às 20h
Local: Lume Casa Cultural- Av. Imirim, 782
DE GRAÇA!

terça-feira, 20 de março de 2012

O PRÉ-CONCEITO SOBRE AS ARTES CÊNICAS

Comecei a perceber ultimamente a percepção que as pessoas têm de teatro. Quando alguém fala que faz teatro, normalmente interpretam como uma pessoa maluca, desinibida, aparecida, às vezes até vulgar... Como chegamos a esse ponto?
Relembrando lá no fundo da minha memória, em uma das minhas aulas de história do teatro, se não estou errada, o ator tinha o mesmo "registro profissional" de uma prostituta. Triste. Portanto, chego a conclusão que este pré-conceito é bem antigo, diria até mesmo antiquado.
O ator é, e deve ser reconhecido como um artista. Ele estuda cada movimento que faz, cada entonação que coloca em uma frase. Nada é em vão. Além disso, ele "empresta" seu corpo a um ser que só existe se o próprio ator acreditar nele.
Nossa arte é bela e pura. É uma arte de doação. Esquecer seus problemas e se entregar, de corpo e alma, na construção de seu personagem. Nesta hora, tudo ajuda: as suas memórias, as suas anotações, a sua percepção  do mundo externo, a sua percepção do seu mundo interno. O ator deve, acima de tudo ser um observador. Nada pode ser alheio aos seus olhos e aos seus sentimentos.
Escrevo isso para defender a teoria de que todas as artes são complementares, principalmente quando se trata do artista e seu corpo. O que seria de um ator sem o conhecimento corporal de um bailarino? O que seria de um bailarino sem a capacidade de externar os sentimentos de um ator? O que seria de um músico sem a junção das duas artes (trabalho de corpo, e interpretação vocal)?
O teatro é uma arte grupal. Nele, quase nada pode ser feito individualmente. Perde a graça. Ele EXIGE uma interação com as outras pessoas. Em quais sentidos? Todos. A criação de uma cena deve ser pensada em grupo antes de ser passada pelo diretor. A discussão de super-objetivo, de estudos, de referências. Tudo é de boca em boca. Como falei anteriormente, nada do que se vê em um palco é em vão.
A arte cênica, como qualquer outra arte, pode ser considerada uma terapia para muitos. A coragem de falar em público, a perda -nem que seja pouca- da timidez, o conseguir se expressar, emitir suas opiniões. A pessoa aprende tudo isso no teatro. Como? Pela interação social.
É por ele que a criança percebe seu papel no mundo. É por ele que nos tornamos mais críticos quanto ao senso-comum, é por ele que nos sentimos livres. O livre não significa o imoral, como muitos pensam, mas sim      verdadeiro, com você e com os outros.
Como uma máquina, se uma peça quebra, tudo para. Todos devem compreender e conhecer a função de cada peça, de cada movimento. No teatro, o ator deve saber que seu papel é criar e estudar. Estudar muito, porque a criatividade não aparece sozinha, ela vem de referências.
Teatro é possibilidade. Teatro é respeito.

quarta-feira, 14 de março de 2012

PRIMEIRAS IMPRESSÕES- AULA DE TEATRO PARA CRIANÇAS

A idade entre 6 e 12 anos define muita coisa em uma criança. é uma época de algumas escolhas, poucas, porém importantes.
É com 12 anos que as meninas começam a pensar que são "crescidinhas", mesmo adorando brincar de "balada". Vê-se uma grande diferença entre meninos e meninas: os meninos gostam de luta, de guerra, de futebol. As meninas gostam de princesa, meninos, pessoas famosas. É engraçado juntar tudo isso, fazendo teatro então, nem se fala!
As crianças fazem teatro sem perceber. Elas brincam atuando. Pra fazer a mãe, fazem uma voz mais grossa, colocam salto-alto. Pra fazer o monstro, deixam tudo mais grotesco. Os heróis parecem desenho animado japonês.
Qualquer exercício cênico para eles parece uma pura brincadeira. Dão risada, param no meio, voltam... não terminam a "cena" nunca. Isso é o que mais me "desespera". Como falar para uma criança que a brincadeira tem que acabar? "Coloquem um final na história!". Será que eles entendem completamente isso?
Imagine só juntar 10/15 meninas entre 8 e 10 anos com 2 meninos de 6/8 anos? O resultado é: risada. As meninas se juntam de uma tal maneira, gritam, riem, se atropelam, que os meninos ficam até assustados! "Vai lá, João, você não é o policial? Acaba com essa bagunça!" disse eu; "Não dá, tia... elas são muitas e estão loucas!"- no caso estavam gritando enlouquecidamente porque uma delas era famosa-.
Dá pra perceber facilmente quando eles gostam: eles pulam. Pular é a maneira que eles têm de se mostrar excitados por um jogo. Adoram mímica, transformam tudo em jogo de adivinhação. E não percebem o quão valioso é esse exercício para eles.
Algo que já aprendi em 3 aulas: CRIANÇA É PURO TEATRO.


Local da experiência: Lume Casa Cultural.

segunda-feira, 12 de março de 2012

POR QUE UM BLOG?

Pra que criar um blog em uma era em que tudo que passa de 3 linhas já é um livro de 1.000 páginas? Para registro. Não escrevo mais cartas, não tenho mais meu diário cor-de-rosa, mas tenho na minha cabeça várias ideias e pensamentos  sobre um tema que está presente na minha vida desde os meus 5 anos de idade: o teatro. 
Neste blog não ficarei falando apenas do palco, mas sim da experiência de ser atriz, na tentativa de cada dia mais aprender sobre este assunto tão delicado, e mesmo assim ter a certeza de que é preciso estudar muito mais. 
Aqui, colocarei minhas experiências dentro da sala de aula, onde dou aulas de teatro para algumas crianças de 6 a 12 anos na Lume Casa Cultural; aqui ficarão meus registros e percepções do mundo infantil, e até mesmo do adulto quando começarem as preparações de elenco para o meu TCC, que eu farei em abril. Aqui será o local onde a minha pequena, quase mínima experiência com teatro vai bater com a mega experiência de teatro de outros, e assim, ambos crescem, pois o mundo muda, e as pessoas também. 
Torço para que seja um blog rico de ideias, teorias, atores, atrizes, teatros, produções de TV e cinema, para assim, sempre colaborar com nosso mundo de loucos, apaixonados pelo teatro.