quarta-feira, 1 de julho de 2015

TIREI O VAPOR DO ESPELHO

Hoje foi o dia 1 daquele meu desejo mais profundo.

Confesso que não foi fácil... foram dolorosos 7 meses até entender que esta era a opção mais honesta e mais sincera que eu poderia ter comigo quando decidi voltar para a faculdade.

"Ao olhar-me no espelho com certeza não reconhecia meu próprio rosto." (plágio, Rodrigo).

Conviver ano passado com diversos artistas que renunciaram uma vida tranquila, ao perceber que não adiantava fugir, consegui encontrar somente uma solução em novembro/2014: voltar à faculdade e fazer aquele tão desejado e imaginado curso: Artes Cênicas.

Acreditava que apenas essa atitude me deixaria mais tranquila de ter a certeza que estava começando a andar no sentido que eu gostaria de andar.

Por fim o curso começou, e a vontade de viver mais e mais aquilo que eu escolho cresceu. Não me bastava apenas ir à faculdade e estudar teatro, pedagogia... eu queria mais. Na verdade eu sempre soube o que eu queria, mas não tinha coragem de tirar o vapor do espelho. Não sabia o quanto ia doer, e a ignorância era uma dor insuportável.

Após 7 meses a sensação de viver uma outra vida era igual antes. Não era o suficiente. Me questionei milhões de vezes, pois não podia ceder ao capricho de um sonho de criança. Eu poderia sobreviver, passar por isso e rir da cara dele falando "viu? Não era tão necessário assim...". Mas foi necessário.

Ao tomar a decisão de pedir as contas e começar a viver outra vida (dar um F5 na minha vida profissional), estranhamente me senti mais segura e mais corajosa. Vi do que eu seria capaz.

O medo nos cega. Andar com ele é paralisar.

Não é fácil questionar-se diariamente se você quer realmente aquilo que você quer, se não é só um capricho, se você não poderia viver como todos vivem. Não é fácil admitir para si mesma que você já pode ter o controle da sua vida. Não é fácil saber negar para si mesma o conforto que você poderia ter caso continuasse caminhando pelo caminho onde estava. Não foi fácil dizer sim à vontade de mudar. Mudar de estrada dói. Mas a dor passa logo quando você vê que era apenas uma ferida que sara.

Virão outras, eu sei. Mas tenho a consciência hoje de que essas feridas eu escolhi para mim.

Hoje é o primeiro dia de uma nova fase. Uma onde eu me perdoo mais, onde eu me reconheço, rio e choro comigo mesma. Uma fase que chegará cheia de perguntas, problemas, inquietações, provações. A fase da qual eu peguei as minhas rédeas e começo a me direcionar. Dói crescer.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

DA CIRURGIA BUCO MAXILO

Podemos dizer que há exatos 7 dias atrás eu estava apavorada. Minha irmã, Luiza Gimene, já tinha passado por esta cirurgia e vimos o quão valente foi. Ela foi a primeira a fazer uma cirurgia que nenhum de nós tínhamos ouvido falar! Por que então eu estava com medo?

Simples: o destino arranjou uma maneira de deixar qualquer pessoa ansiosa em desespero: colocou ao meu lado uma mulher que fez exatamente a mesma cirurgia que eu (maxilar de cima, de baixo e desvio de septo) que fez questão de falar que nela tinha dado tudo errado. E tinha mesmo, porque olhar pra cara dela não era nada animador...

Depois de uma conversa com meu pai, resolvi aos poucos trabalhar meu pensamento: a cirurgia só depende dos médicos, a recuperação depende de mim.

Dormi o que consegui e fomos, eu e minha mãe para o hospital fazer a dita-cuja. Caramba: eu estava de jejum, mas fui ao banheiro como se tivesse tomado muita cerveja! Nervoso? Imagina!

Depois da cirurgia, somente a alegria de estar viva (olha o exagero!!) e bem! Não sentia dores, apenas sono e cansaço. Tive quatro cenas que deixariam qualquer diretor dos filmes de exorcismo com raiva de não terem uma câmera naquele momento, mas isso abalou mais quem estava vendo do que quem estava fazendo: um alívio!

Hoje, depois de 6 dias da cirurgia posso dizer que venho aprendendo uma coisa muito importante comigo: RIR DE MIM MESMA!

Claro! Porque não seria engraçado você abrir a boca e falar algo que quase ninguém entende? Porque não rir que você não sabe mais onde é a sua boca? Que entre sua prima de 1 ano e meio e você, de quase 24, quem está babando sorvete e se lambuzando toda é você? Porque não seria engraçado o fato de você terminar o recheio da pizza de frango com catupiry depois que todos já repetiram os seus e já estão na sobremesa? Porque não rir que a cada 10 palavras que eu escrevo aqui eu tenho que parar para limpar a minha baba?

Vai me dizer que isso não é cômico?! Claro que é!

A alegria de conseguir tomar leite direto da xícara (sem colher ou canudo), de tomar omeprazol direto do comprimido, de conseguir comer arroz com feijão, bolo de chocolate amassadinhos, mesmo que seja em 1h aquilo que normalmente eu faria em 2 minutos!

Rir de mim mesma nessas situações é o que me está ajudando a lidar com o peso de um rosto inchado e de um nariz tampado. São fases, vai passar!

Claro que tem momentos em que eu perco a paciência e fico irritada, normal! Mas vai passar.

Tudo passa, e essa cirurgia está passado, dia após dia, no ritmo do meu corpo, com a imensa ajuda de mainha que é uma excelente enfermeira, de meu pai, que me olha todo dia incentivando que estou cada vez menos inchada, de Rosinho que limpa todas as minhas babas e melecas de comida, e claro, de Luiza, que me deu a força e a vontade de enfrentar essa cirurgia como ela!

Ainda não acabou! Volto no médico amanhã. Mas acredito que o pior já passou.

E sabe o que mais está doenda nessa história? Minha panturrilha....