segunda-feira, 18 de março de 2013

SIMPLES E BONITO

Ontem, finalmente, vi um espetáculo que me fizesse subir as paredes! Há tempos não me sentia assim, com a cabeça livre, pensando no que vi, e tomando como referência para várias cenas que desejo fazer. O espetáculo de dança "Pó de Nuvens" do Grupo de Dança Primeiro Ato, mistura dança contemporânea e teatro. Os dançarinos tem muita expressão corporal, e mostram uma leveza que até parece muito fácil fazer qualquer coisa que eles fizeram.

O que me chamou atenção para assistir, além da dança, foi a homenagem à dois mineiros: João Guimarães Rosa - autor de Sagarana e muitos outros - e Milton Nascimento, um dos meus cantores preferidos. Quando você lê uma sinopse dessas, imagina mil coisas: poesias, danças baseadas nas histórias, músicas... Na realidade, o que eu vi, foi mais uma homenagem carinhosa aos dois mineiros do que propriamente uma mostra de suas obras: o diálogo feito somente com cidades mineiras "Caldas, caldas....", o sotaque mineiro, as vacas, o clima de fazenda... Me senti feliz. Aliás, não só eu! Todo o elenco parecia estar satisfeitíssimo com o espetáculo. Sorriam livremente, sem aquela obrigação do "cadê o sorriso?!". Muitas vezes vi uma dançarina com os olhos fechados, simplesmente curtindo e sentindo tudo aquilo que estava acontecendo.

Outra coisa que me pegou neste espetáculo foi a nossa mania de querer entender todas as mensagens. Às vezes, em uma espetáculo, entender é simplesmente SENTIR. Não precisamos racionalizar tudo, principalmente um espetáculo que não tem quase nada de diálogo. As sensações que me traziam me fizeram ficar assistindo aquilo o dia inteiro, e ali eu entendi que se tratava de uma homenagem carinhosa.

Ficava orgulhosa quando via exercícios de teatro no meio daquela dança toda: o famoso exercício das fotos,  o exercício de escrever com uma parte do corpo, coro... Isso é mais uma prova de que tudo isso junto se torna uma coisa só, a arte.

Saí de lá feliz, e com vontade de assistir mais espetáculos assim: produção simples, sem grandes acontecimentos, dramas, mas bonito.
Foto de Guto Muniz







quarta-feira, 6 de março de 2013

5 MESES EM POUCAS LINHAS

Fiquei muito tempo sem passar por aqui, muito tempo mesmo! Mil coisas aconteceram, uma seguida da outra, e como as atrizes falam "Estou estudando novas propostas, novos projetos...". Desde Outubro tenho sempre alguma coisa nova pra me preocupar: edição do TCC, apresentação de final de ano das minhas alunas, coreografia de uma ala da Mocidade Alegre, formatura... Agora que eu dei uma respirada!

Oficialmente sou "Atriz e Radialista" -a ordem vem pelo primeiro DRT- como a maioria das pessoas, tenho uma vida dupla: sou Assistente de Produção e atriz. Até fevereiro tinha uma vida tripla, como Assistente de Produção, Atriz, e coreógrafa! Pois é, a gente nem percebe e a vida nos dá mil e uma oportunidades, e ansiosa que sou, só percebo que elas vieram depois que passaram. Mas estou aprendendo a lidar com ela, e começando a reconhecer as minhas conquistas (isso é muito importante!).

Enfim, não sei nem por onde começar! Vamos pelo começo: depois de noites mal-dormidas, TCC foi entregue, e consegui me voltar somente para a apresentação das minhas alunas no Studio Eudóxio Júnior. E ainda bem que o TCC já tinha "passado"; não é que mudaram a proposta da apresentação 2 semanas antes do espetáculo?! Pois é, nesse final de ano descobri que sou, realmente, uma mente criativa. A exatas 2 semanas antes da apresentação final, o dono da escola assistiu ao primeiro passadão (quem é ator sabe que o primeiro passadão é onde todo mundo vê a peça inteira, e as mudanças acontecem), e disse que não era nada daquilo o que ele esperava. Estranho, pois fui chamada para fazer um trabalho mais corporal com as meninas, mas, como não queria manchar o meu nome na minha primeira direção, mudei praticamente tudo! Coloquei falas (que praticamente não existiam), cortei cenas, mudei posição, menina! Foi um corre! Pensa em 20 meninas entre 9 e 14 anos juntas! Bagunça.... Só consegui fazer 1 passadão no palco, e respirei fundo, joguei pro universo, e seja o que Deus quiser (seríamos o primeiro número). E não é que deu mega certo?! Graças às minhas aulas de roteiro, de edição de rádio, de teatro, e a terapia, respirei fundo, confiei nelas e em mim (eu na mesa de som, e elas no palco), e te juro, deu 100% certo! Papai e mamãe elogiaram, público riu onde tinha que rir, e eu senti qual é a sensação de dirigir uma peça: na hora, não há nada a fazer!

Passando a apresentação, só elogios, e percebi que nasci para criação, porque logo depois, o carnavalesco Sidnei França, da Mocidade Alegre (só pra constar, bi-campeã do carnaval de SP) me chamou para coreografar uma Ala Cênica na escola, eu, que não tenho experiência nenhuma com dança, só sei dançar porque por algum motivo nasci com ritmo. Na realidade, ele queria uma coreografia básica, com algo mais teatral, para mostrar que a GULA não é tão ruim assim. Quando me mostraram a fantasia, fiquei pensando "tô ferrada, o cup-cake é gigante! Como eu começo?", mas logo depois, Sidnei me diz que criou a fantasia se baseando em um dos figurinos de "Priscila, a rainha do Deserto". Ponto "pánóis"! Naquela mesmíssima hora descobri como eu deveria fazer, que linguagem usar, pra que lado levar: escrachado, cômico, musical, kitch... Assisti os musicais mais próximos, filmes de culinária, comédia dell'arte, e criei uma historinha que serviria de base pra coreografia. Que ator não vive de histórias?! Com essa experiência, comprovei que "Teatro É Jogo" mesmo! Eu e Rodrigo Inamos criamos diversas cenas ouvindo o samba e nos divertindo! Ou seja, estávamos dentro do jogo, da brincadeira, e conseguimos criar coisas muito legais. Depois, Priscila Paciência (esta sim é bailarina/dançarina) me ajudou com a parte dançante, tirando e colocando coisas para facilitar a coreografia. Mesmo com algumas dificuldades, deu tudo certo, e nosso trabalho foi reconhecido!

Infelizmente nem tudo são flores: não continuarei na escola, pois o dono acredita que é melhor abrir o curso de teatro somente no segundo semestre, já para a apresentação final. Fiquei chateada, mas não com raiva. Quem não conhece teatro não percebe que é o mesmo esquema que a dança: teatro também enferruja, não é possível parar de fazer teatro por um tempo e querer voltar 100%, é a mesma coisa! Agora, estou tentando acalmar a minha ansiedade pra não tentar começar um novo curso, acredito que nada é por acaso, e que talvez agora seja o momento de parar e estudar, pra depois sim, juntar um grupo de pessoas interessadas e poder falar: "venha fazer aula com Beatriz Gimene!". Engraçado, toda vez que eu penso que esta é a melhor atitude a ser feita, eu logo penso onde eu posso dar aulas agora...

Ala Gula 
Enfim, tentando respeitar o tempo, fazer uma pausa dramática pra voltar bem, sem pressa, porque tudo feito na correria pode ser mal-feito. Meus planos agora? Fazer aula de ballet até o 2o semestre, e depois dança contemporânea. Se a grana deixar, minha paixão, dança-afro, o ano inteiro. Teatro é paixão, mas também é respeito.