quarta-feira, 29 de maio de 2013

"O IMPORTANTE NA EMOÇÃO É O SEU SIGNIFICADO"

Porque nós achamos que alguém muito passional chega a ser desequilibrado em certos momentos? Simplesmente porque a pessoa não chegou na parte de racionalizar os fatos e tudo o que sentiu, tudo acaba saindo explosivo e desnorteado. Assim eu vejo a arte. Estava vendo alguns videos de dança na internet e cheguei à uma conclusão: é muito fácil ser brega. Se o criador não tomar cuidado, o que ele faz pode ficar totalmente piegas.

Acredito que o artista tem um lado emocional/sensitivo muito forte, se não, não se expressaria pela arte, mas sim por outra forma. Mas, é muito perigoso se deixar levar totalmente pela emoção quando se planeja uma obra de arte. Ontem, lendo o livro " Para Atores e Não Atores" do Augusto Boal, cheguei à essa conclusão:  o artista PRECISA ter seu lado racional sob controle. Ou seja, razão e emoção devem andar lado a lado, devemos sentir e racionalizar a sensação para podermos explicá-la, afinal, a arte comunica.

"O importante na emoção é o seu significado", é isso Boal! Uma emoção sozinha é muito vaga, muito superficial, a emoção deve vir com um significado, deve vir com uma racionalização. No palco, por exemplo, um ator que é "só emoção" se torna perigosíssimo para os colegas de palco e para ele mesmo (vide exemplo do ator que fazia Otelo de Shakespeare que quase matava a Desdêmona em praticamente todas as sessões). O artista DEVE ter um distanciamento coerente da sua obra porque se não tiver, aquilo vira um balde cheio de emoção sem nenhum conteúdo ou informação. Não digo informação do estilo jornalismo, mas no sentido de inteligível, de compreensível.

Acho que deveríamos pensar assim: o que eu quero dizer sobre isso? Em que isso me toca? Para quem eu quero falar? Eu sei que me parece um pouco radialista demais, principalmente a parte do público alvo, mas tudo aquilo que se comunica deve ser bem estudado para não ser cometido nenhum equívoco. Pense sempre que a partir de um momento que a pessoa se abre para ouvir ou ver uma obra, ela liga uma parte sensorial do seu cérebro, que também passa pelo racional. Ou seja, a pessoa vai tirar uma conclusão daquilo que ela viu, queira ou não queira. Assim deve agir o artista do momento de criação: sentir, pensar e agir. Ser racional não é ser frio, é saber analisar.


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