terça-feira, 21 de maio de 2013

DA RISADA AO BATUQUE

Nessas 2 semanas assisti 2 espetáculos bem diferentes, cada um maravilhoso em sua linguagem: "A Noite dos Palhaços Mudos", com o grupo Lá Mínima, e "Humus", com a Cia Antônio Nóbrega de Dança.

Vamos começar com o espetáculo assistido há mais tempo. Não me lembro na minha infância de ter ido ao circo, não tenho na memória a lembrança do palhaço, por isso sua figura sempre me foi muito distante. Aos 22 anos, pela primeira vez fui apresentada ao universo. Não fui ao circo, é verdade, estava no Sesc Ipiranga (que sopa deliciosa), em uma semana onde o circo estava sendo homenageado. Mas ver o palhaço, aquele palhaço que me lembrou Charlie Chaplin: bobo, inocente, criança, me fez muito bem!

A peça é maravilhosa: começa com um homem que rouba o nariz de um palhaço simplesmente porque quer acabar com a raça dos palhaços mudos. Este palhaço, juntamente com seu amigo, vão até a mansão do ladrão para recuperar a identidade. Todos sabem que o palhaço não é palhaço sem o seu nariz, e que o nariz de palhaço é muito mais do que um simples nariz, é o palhaço completo.

A sensação é de que eu estava assistindo a uma brincadeira de criança bem ensaiada! O palhaço nunca diz "não", aceita tudo aquilo que você propõe como verdadeiro, e isso no teatro é brilhante! Não vou me esquecer nunca de uma cena feita com dedinhos e um carrinho de brinquedo. Nessas horas nós percebemos o quanto às vezes somos atores chatos e cabeçudos. Uma cena pode ser feita de tantas formas, de tantos jeitos, e aquele era um jeito tão simples que me senti uma estúpida! Em apenas 1h me diverti e embarquei no mundo que eles propuseram. E tem mais: assistir uma sessão com crianças é delicioso! Riem, choram e acreditam em tudo! Pra mim, teatro é isso: pureza, em todos os sentidos, até nos mais sórdidos!

Bom, o segundo foi um espetáculo de uma síntese da pesquisa de Antônio Nóbrega na dança brasileira, com o nome "Humus" no Auditório do Ibirapuera. Pra começar, nem acredito que consegui assistir, porque eu e Rodrigo Inamos chegamos 30 minutos atrasados! Perdemos o começo, mas chegamos no solo da minha amiga Priscila Paciência, que estava dançando Maracatu Rural em uma música que pegou, não dava pra parar de ouvir, mesmo sem a música!

Teaser do Espetáculo Humus

Tudo o que os bailarinos fizeram parecia muito fácil -taí a eficiência- tirando a parte do frevo, que eu sabia que se tentasse dançar alguma coisa, não sairia do chão por falta de força. Diferentemente do espetáculo "Pó de Nuvens" que me trouxe tranquilidade, este espetáculo me deu energia, acredito que seja por conta da nossa dança de batuques, onde a explosão é necessária.

Definitivamente, eu adoro a dança brasileira! Me deu vontade de ir dançar no palco, mesmo sabendo que eu ia passar vergonha. Nossa cultura é rica em ritmos, passos, é uma cultura mestiça da culinária até a genética.

Realmente Antônio Nóbrega é um ótimo pesquisador, ator, músico, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, psicólogo, médico e gari. Um espetáculo que não deu vontade de ir embora, só espero que tenham mais um reapresenta pra eu ver o começo!!  

Essas experiências artísticas (boas) me fazem ter orgulho de tentar pertencer à classe. Me dão vontade de continuar seguindo, pesquisando e experimentando novas linguagens, novos meios. O que aprendi? Tudo é linguagem, tudo é referência, tudo é arte!

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