quinta-feira, 1 de agosto de 2013

IMPROVISAR A FELICIDADE OU SER FELIZ IMPROVISANDO?




   Se quiser se juntar à nós, é só chegar na Rua Augusta, 1239 e interfonar na Viração. Estamos abertos, principalmente para novas opiniões!    

Adriane Tunes e William Vasconcelos
    Há 2 meses tenho trabalhado, juntamente com a Cia de Teatro Olhares, no projeto "Novos Olhares", que pretende por meio do teatro trazer novas visões do mundo para as pessoas. A ideia é simples: trabalhar a cada mês um tema diferente com uma linguagem teatral diferente para, na aula aberta (última aula do mês), um convidado externo ligado às artes (qualquer arte) assistir as cenas preparadas e entrar na nossa discussão colocando, é claro, a maneira de como a arte dele pode ver o mesmo tema. Ou seja, diversos modos de olhar para um só ponto.

Alguns alunos e convidados.
    No primeiro mês trabalhamos com improviso e convidei meu amigo e ator Betto Pita para a aula aberta. Porque improviso? Levando em conta que a maioria do grupo estava conhecendo o universo teatral pela primeira vez, achei justo que eles entendessem que a graça - e a magia- do teatro é simplesmente acreditar no que você está fazendo, perder o senso do ridículo que muitas vezes nos coloca a sociedade, e confiar no grupo. Dizem que fazer teatro é se jogar de um precipício sem absolutamente nada em baixo. E é verdade. Principalmente no improviso.

Rodrigo Inamos, da Cia de Teatro Olhares
e Convidado
   A aula aberta foi uma delícia! Os alunos perguntaram, interessados, sobre as diferenças de fazer teatro decorando um texto, e de improvisar uma cena. É muito bom ver que os alunos se interessaram pelo tema e pelo convidado, fazendo perguntas que nós atores sempre nos fazemos: "Como conseguir a verdade na cena?". Ai ai... quem é professor sabe o quanto isso é bom!

   Neste mês que se passou, o nosso tema foi mais filosófico: "Felicidade", com cenas a partir de partituras corporais. Está claro que felicidade é um tema recorrente em artigos, facebooks, conversas de botequim... Cada vez mais o homem se pergunta se ele conseguirá um dia descobrir o que é a felicidade.

Alunas e convidada.
   Pedimos para na primeira aula trazerem objetos que respondessem a pergunta "O que é Felicidade", e vimos de tudo: meia, foto, música, DVD, texto... cada um trouxe o que para si significava. E a partir disso, fizeram cenas com partituras corporais e descobriram que o sentido de uma cena pode ser construída DEPOIS da própria cena. É saber que os alunos percebem e gostam das suas próprias descobertas, acredito que o conhecimento começa aí.

   Na aula aberta, chamei um casal de convidados: Adriane Tunes, atriz, pedagoga e psicóloga e Willian Vasconcelos, pensador (não se considera um filósofo mesmo tendo feito filosofia) e músico. Ambos com uma cartela cheia de opiniões, livros e músicas que tratavam sobre o tema.

   Muito bom perceber que existe gente da minha geração (18 a 30 anos) a fim de discutir e filosofar um pouco sobre a vida. Todos ficaram atentos às questões colocadas. Silenciosos. E por incrível que pareça, por 1h30min! Aquela história de que a minha geração não se interessa por nada me pareceu mentira naquela hora.

   Sobre o tema felicidade, fica claro que o homem não consegue - e não deve- definir. E que a cada minuto tentando saber o que é, o que significa, quer dizer 1 minuto angustiante a mais da não resposta. Confesso que fiquei aliviada ao saber que ninguém, nem o Dalai Lama conseguem definir. Talvez pare um pouco para pensar e sentir pequenos momentos de alegria, assim a tranquilidade me deixaria mais feliz. O importante é saber e perceber que cada um tem um motivo e momentos de alegrias extremas, e que não é ruim sentir tristeza. Para Pascal (estou correta, Willian?) o homem é um ser de tédio. Por mais triste que seja concordar com isso, eu concordo. Mas triste porque? Não estamos todos a todo momento tentando procurar algo que nos faça sentido? E quando encontramos este "algo", logo tratamos de encontrar outro "algo" que nos complemente porque o outro "algo" já nos cansou? Acredito que essas sensações de "quero mais" (e não cito coisas materiais aqui) fez o homem descobrir grandes coisas. Mas existem coisas além do próprio homem que seria chato demais se ele soubesse a resposta. Afinal, a graça e a dor da vida são as dúvidas!

   Este mês teremos o tema "Tempo" na linguagem do naturalismo. Acho que em uma cidade como São Paulo, onde 24 horas não são o suficiente, responder o que seria esse tal de tempo, ou ao menos tentar, seja útil e confortador, como foi a discussão sobre felicidade.

3 comentários:

  1. O Tempo eo Caos são dois grandes barões, decisivos na vida de cada pessoa, são ciclos tambem de definição e crescimento, sabemos que toda filosofia e tambem o teatro tem origem na Grecia; e é assim que recebemos dessas origens a filosofia, a matemática, a arquitetura, e voltando ao tema principal o teatro, a Genealogia do Todo estava no Caos, antes que existisse o primeiro deus: Chronos, o Tempo, e a materia com a ordem foram então criados ou passaram a existir no palco da historia. Quando voltamos ao caos primordial , reordenamos nosso desenvolvimento para criar soluções de existencia, tomar decisões para a vida, assumir novas propostas , criando meios e assim o tempo é decisivo, nossas soluções devem caber em um tempo que é determinado por vetoriais da nossa vida, forças dinamicas ou inercia continua de um sistema em que socialmente vivemos ou sobrevivemos...Daí o tempo nos dará ou produzirá em nós uma resposta ou multiplas respostas , poderá tambem tangenciar a continuidade material e porisso convivemos sempre com essas duas forças principais na nossa vida.

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  2. Eu acrescentaria ainda concretamente a peça que não teve grandes montagens intitulada "Os Ossos do Barão" de Jorge Andrade, mas é considerada um texto clássico do teatro brasileiro; e assim acabou sendo transformada em série pela Rede Globo.
    Mostra a ação do tempo quando visto como ciclo, exemplo sobre países que são fornecedores de materia prima e dependem assim da economia dos seus compradores que beneficiam essa materia prima e a revendem aos fornecedores delas, transformada já em produtos no mercado de consumo. Assim quando o 1º mundo entra na crise de 1929, isso afeta a sociedade como um todo, um corpo integrado para toda a humanidade, dessa forma o ritmo do espetáculo cria a visão do tempo para o espectador, pela evolução de uma historia que é baseada na economia e suas transformações passando-se do ciclo do café, agrario para o ciclo da industrialização paulista com a formação de novas fortunas e dissolução das antigas por força da artificialização dos preços pelas bolsas que jogam com açoes de empresas e fabricam valores que nem sempre são reais e podem dessa forma quebrar de uma hora para outra!
    Foi dessa banalização que Fritz Lang através de Dr Mabuse criou a máxima :"tudo na vida é um jogo".

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  3. Vale a pena visitar a página: www.sbat.com.br e verificar mais assuntos sobre teatro.

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